Há um ano

12:38 Carolina Carettin 0 Comments

Há um ano, eu estava no cemitério sentada numa cadeira, chorando com um lenço na mão. Minha tia tinha perdido a luta contra o câncer e nos pegou de surpresa naquele sábado de manhã. Era um dia lindo, quente e ventava pouco: um dia típico de outono.
Há um ano, perdia a pessoa que entraria comigo na formatura do Ensino Médio, que dançaria comigo na festa e me apoiaria quando fosse para a faculdade. Me daria conselhos amorosos, sorriria quando lhe contasse todas as novidades que 2013 me trouxe.
Lembro-me do dia em que ela telefonou, preocupada, procurando minha mãe para contar o diagnóstico que recebera do médico. Ela tinha medo, mas todos decidimos ajudá-la; até mesmo quando ela desistiu e não queria mais viver. Algumas vezes a surpreendi olhando para o nada, com um meio-sorriso no rosto, como se estivesse se preparando para o que viria dali a alguns dias.
Lembro-me desse dia como se fosse ontem e não como se já tivesse se passado um ano. Um ano. Passou tão rápido. Passou a Páscoa, seu aniversário, o Natal, o Ano Novo, mas a saudade não passou.
Quando me vejo em frente da casa onde ela morava, sinto um aperto, uma vontade enorme de entrar e encontrá-la sentada no sofá, com a mão para fora da janela segurando seu cigarro, assistindo à novela das nove. Uma vontade imensa de sentar ao seu lado e rir, até doer a barriga.
E cada vez mais sinto que essa saudade não vai passar, não vai embora, já que, inevitavelmente, ela marcou minha vida e minha história. Fez parte de mim. Carrego sua força de vontade comigo e, aonde quer que eu vá, sinto que ela está junto. Afinal, Lúcia significa "a luminosa" e, quando você se foi, deixou para todos os que ficaram a sua luz que nos guiará sempre quando preciso.


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