Repeteco: um livro sobre as escolhas que fazemos



Todo mundo já teve a vontade de apagar um dia ou uma semana ruim e fazer tudo de forma perfeita, sem problemas. Em Repeteco, de Bryan Lee O’Malley e publicado pela Companhia das Letras, Katie teve um dia do cão: seu ex namorado apareceu no restaurante onde ela é chefe, uma funcionária se acidenta na cozinha, o seu romance com um colega de trabalho azeda e a reforma de seu novo negócio está um caos.

Katie tem a oportunidade de ajeitar as coisas quando uma garota aparece em seu quarto no meio da noite com uma alternativa: ela pode arrumar tudo o que deu errado e ter uma segunda chance. O problema é que Katie se enrosca cada vez nessas pequenas viagens que faz entre os mundos possíveis e isso só acaba trazendo mais problemas.

Com seu humor característico, Bryan Lee O’Malley aborda no quadrinho assuntos como relacionamentos amorosos, sucesso profissional, espiritualidade e amizade. O autor também escreveu a série Scott Pilgrim, que foi adaptada para filme em 2010, com Michael Cera no papel principal.

Além do humor presente na história, o narrador e a personagem principal interagem a todo momento, o que traz leveza à história e aproxima o leitor da trama, fazendo-o se perguntar: “E se fosse eu? Aproveitaria essa oportunidade?”.

O traço de Bryan Lee O’Malley auxilia na construção dessa atmosfera leve e divertida. Seus desenhos são simples, fazendo com que as personagens (principalmente Katie) se assemelhem às crianças. É um traço semelhante ao de Scott Pilgrim, e quem já conhece o quadrinho reconhecerá o estilo característico de O’Malley em Repeteco também.

A mensagem que a história propõe não é nova, mas é sempre bom relembrar que, às vezes, precisamos viver alguns momentos ruins para crescermos e amadurecermos.

“Enclausurado”: novo livro de Ian McEwan inova com feto narrador


Milhares de livros são contados por narradores já nascidos, adultos. Alguns fogem do comum, porém, enquanto Machado de Assis nos apresentou a um narrador defunto em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Ian McEwan faz exatamente o contrário: quem conta a história de Enclausurado (Companhia das Letras, 200 pág.) é um feto em seus últimos dias dentro da barriga.

A premissa de Enclausurado não é muito inovadora. A mãe do bebê, Trudy, planeja o assassinato de seu marido com seu amante, Claude. O feto ouve tudo e acaba se questionando qual seu papel em tudo aquilo. É cúmplice? Pode evitar de alguma forma que o crime aconteça?

Claramente inspirada em Hamlet de Shakespeare – observe os nomes dos personagens: Gertrudes e Trudy, Claudius e Claude -, a leitura vale mais pelo narrador do que pela trama. A sinopse da editora diz que Enclausurado “é uma amostra sintética e divertida do impressionante domínio narrativo de McEwan, um dos maiores escritores da atualidade”. Concordo. São as digressões e questões filosóficas e existenciais do bebê que tornam o livro bom.

O feto aprecia vinhos, é bem-humorado, divaga sobre como o pai e a mãe devem ser, maldiz Claude. Por não conhecer totalmente as personagens, o narrador vai construindo suas impressões junto com o leitor.

“No linguajar de minha mãe, espaço, sua necessidade de espaço, é uma metáfora retorcida, se não um sinônimo, de ser egoísta, malvada, cruel. Mas, espere, eu a amo, ela é a minha divindade e preciso dela. Retiro tudo o que disse! Falei por me sentir angustiado. Estou tão iludido quanto meu pai. É verdade. Sua beleza, distanciamento e determinação são inseparáveis”.

Além de lidar com o possível assassinato do pai, o bebê também sofre por causa do relacionamento sexual de sua mãe com o amante. Ele teme que os espermatozoides de Claude entrem em contato com ele, afetando sua inteligência, por exemplo. Divertido, mas perturbador.

Ao mesmo tempo, McEwan – que é inglês – aborda temas atuais como a crise de refugiados na Europa. Por exemplo, Trudy gosta de ouvir palestras e, por consequência, o bebê também ouve as constatações da palestrante para a humanidade. Se pode, até, traçar um paralelo entre a situação humana e a situação do bebê, que se sente incapaz de interferir no curso dos acontecimentos.

“A liberdade de expressão suprimida, a democracia liberal não mais o porto de destino, robôs roubando empregos, os direitos civis em combate feroz com a segurança, o socialismo em desgraça, o capitalismo corrompido, destrutivo e também em desgraça, nenhuma alternativa à vista”.

Enclausurado pode ser considerado um suspense, já que prende o leitor na resolução do crime, com toques cômicos e filosóficos. É um livro curto, que você devora em poucos dias, mas que continua ecoando depois que termina.

Reportagens, de Joe Sacco: jornalismo de guerra feito em quadrinhos



Um jornalista que cobre guerras e conflitos ao redor do mundo. Até aí nada de diferente, se não fosse o fato de Joe Sacco contar essas histórias em formato de quadrinhos. Reportagens, lançado pelo selo Quadrinhos na Cia., da Companhia das Letras, reúne seis reportagens feitas pelo autor.

Joe Sacco inicia o livro com um prefácio no qual aborda o jornalismo de quadrinhos. “Sempre que se apresentar jornalismo na linguagem dos quadrinhos, haverá uma tensão entre as coisas que se podem verificar, como uma declaração gravada, e as coisas que não se prestam à verificação, tais como um desenho que diz representar um episódio em particular”, diz. Ainda no prefácio, o autor comenta sobre a importância de representar de forma fidedigna a experiência de uma testemunha ocular. Para isso, Joe Sacco faz perguntas como “Quantas pessoas havia lá? Estavam em pé ou sentadas”, a fim de orientar os leitores.

Uma das questões que pontuam sobre quadrinhos não serem uma forma de jornalismo é a objetividade. Para alguns, é impossível que o quadrinista consiga retratar uma cena ou um fato com imparcialidade a partir do desenho. Porém, para Sacco – e para mim também – não há como um jornalista retratar um fato com “objetividade”. “A jornalista norte-americana que acaba de pôr os pés na pista do aeroporto afegão não se livra de imediato do ponto de vista norte-americano nem abdica de toda pré-concepção para gravar novas observações em tábula rasa”, afirma. Um exemplo de jornalismo de quadrinhos lançado recentemente é Madaya Mom, uma parceria entre a Marvel e a ABC News, baseado em blogs da emissora na cidade síria de Madaya com relatos anônimos de uma mulher que vivencia a crise de fome no local.  

Ao longo do livro, Joe Sacco demonstra a seriedade com que apresenta os conflitos e com que trata seus personagens, geralmente as vítimas diretas da guerra. Aliás, Sacco aparece como personagem ativo, estando presente em alguns quadros, além de, claro, ser o narrador das reportagens.

Uma delas, chamada “Imigrações”, talvez seja a que melhor demonstre sua participação ativa mais presente. Nela, o autor trata de imigrantes africanos que chegam à Ilha de Malta, país onde nasceu. Ele começa apresentando a visão dos malteses sobre os imigrantes e como suas vidas estão mudando por conta disso. Depois, é a vez de conhecermos melhor alguns africanos e todos os perrengues que passaram para chegar até a Ilha.

“De um lado, como maltês, imaginei que os habitantes seriam menos reticentes comigo quanto ao que realmente pensavam dos africanos que desembarcam na ilha. (…) Por fim, esta história seria facilmente contada da perspectiva dos africanos, que eram fáceis de abordar nos campos e centros onde viviam ou nas ruas, enquanto procuravam emprego. (…) Embora seja óbvia minha simpatia para com os migrantes, que suportaram dificuldades tremendas para chegar a um lugar tão pouco receptivo, sejam quais forem seus motivos para atravessar o mar Mediterrâneo, achei que era meu dever tratar os medos e apreensões dos malteses com seriedade.”

Já outra reportagem, sobre a guerra da Chechênia, chama a atenção por partir do ponto de vista de mulheres, geralmente viúvas que sustentam a família. É o caso de Zara, uma refugiada interna (RI) que era responsável pelo marido, dois sobrinhos e os sete filhos. Para conseguir levar comida para casa, Zara trabalhava em dois lugares, somando 17 horas diárias de trabalho, sendo esta apenas uma das histórias de viúvas de homens mortos e de homens vivos.

O livro ainda traz reportagens sobre o conflito entre Palestina e Israel; o Tribunal de Haia; a Guerra do Iraque e os “intocáveis”, uma das castas mais baixas da Índia que sofrem com a miséria, a fome e a corrupção de seus superiores.

Para o leitor compreender completamente as reportagens, considerando o contexto histórico, os jogos políticos e econômicos, é preciso pesquisar um pouco enquanto lê. Sacco auxilia no entendimento ao colocar seus comentários ao final de cada reportagem, num texto separado em que explica onde a matéria foi publicada e as dificuldades de realizá-la, por exemplo.

Por fim, o autor nos mostra o lado humano da guerra, que vai além dos números de mortos, tão presentes em coberturas jornalísticas tradicionais, principalmente se pensarmos em conflitos que envolvem o Oriente Médio.

Desafio Livrada! 2018



Todo ano o Yuri, do canal e blog Livrada!, solta um desafio com quinze categorias, sendo a última mandatória. O objetivo é incentivar a leitura e conhecer novos livros, autores e leitores. No ano passado, consegui ler 14 dos 15 livros. Em 2016 também. Vamos ver como vai ser esse ano? Abaixo estão minhas escolhas para as categorias:

1 - Um livro de poesia nacional contemporânea 
Um útero é do tamanho de um punho, Angélica Freitas ✓

2 - Uma distopia
Androides sonham com ovelhas elétricas?, Philip K. Dick

3 - Um livro de abordagem metafísica
Sidarta, Hermann Hesse 

4 - Um livro de história 
A Ditadura Escancarada, Elio Gaspari

5 - Um livro narrado em primeira pessoa 
A Elegância do Ouriço, Muriel Barbery ✓

6 - Um romance hispano-americano 
A Ilha Sob o Mar, Isabel Allende

7 - Um livro experimental
O Peso do Pássaro Morto, Aline Bei ✓

8 - Um livro com um título impactante 
O Deus das Pequenas Coisas, Arundhati Roy

9 - Um livro ilustrado
As Crônicas de Nárnia, C.S. Lewis ✓

10 - Um livro que se passa num país sobre o qual você não conhece nada
Muito Longe de Casa, Ishmael Beah (Serra Leoa)

11 - Um livro contemporâneo a si mesmo (que narra o presente)
O Diário de Frida Kahlo, Frida Kahlo ✓

12 - Um livro que foi lançado no ano que você nasceu (1995)
O Mundo Assombrado pelos Demônios, Carl Sagan

13 - Um livro sobre música 
Queen: nos Bastidores, Peter Hince

14 - Um livro sobre um tema que você acha tabu 
Bad Feminist, Roxane Gay

15 - Livro mandatório
O Obsceno pássaro da noite, José Donoso

Leituras de 2017



Esse ano foram 55 livros lidos. 30 livros de autoras mulheres e 25 livros de autores homens. Consegui cumprir minha lista de 12 livros para 2017, que está relacionada abaixo junto com as outras leituras.

Janeiro
As boas mulheres da China, Xinran (Desafio Livrada!) 
Felizmente, o leite, Neil Gaiman
A Revolução dos Bichos, George Orwell (Meta do ano/Desafio Livrada!)
E Se Eu Fosse Puta, Amara Moira (Desafio Livrada!)
Estorvo, Chico Buarque
Os Meninos do Brasil, Ira Levin
Rita Lee: uma autobiografia, Rita Lee

Fevereiro
O Fim do Homem Soviético, Svetlana Aleksiévitch
A Hora da Estrela, Clarice Lispector (Meta do ano/Desafio Livrada!)

Março
Os Monólogos da Vagina, Eve Ensler
História do Novo Sobrenome, Elena Ferrante (Desafio Livrada!) 
Minha Vida de Menina, Helena Morley (Meta do ano)

Abril
O Homem do Castelo Alto, Philip K. Dick (Meta do ano)
Curso Básico de Teorias da Comunicação, Vera França e Paula G. Simões

Maio
Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus (Meta do ano/Desafio Livrada!)
Me Diga Quem Eu Sou, Helena Gayer

Junho
Como Ser Mulher, Caitlin Moran
Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley (Meta do ano)

Julho
Crianças Dinamarquesas, Jessica Joelle Alexander e Iben Dissing Sandahl
Olhos d'água, Conceição Evaristo (Meta do ano/Desafio Livrada!)
Os Jornalistas, Balzac (Meta do ano)
Jóias de Família, Zulmira Ribeiro Tavares 
Quase Memória, Carlos Heitor Cony 

Agosto
História de Quem Foge e de Quem Fica, Elena Ferrante

Setembro
O Morro dos Ventos Uivantes, Emily Brontë (Meta do ano/Desafio Livrada!)
Vozes de Tchernóbil, Svetlana Aleksiévitch 
Nimona, Noelle Stevenson

Outubro
Os Miseráveis, Victor Hugo (Meta do ano) 
O Conto da Aia, Margaret Atwood 
Mr. Mercedes, Stephen King
O Mundo é Mágico, Bill Watterson
Introdução ao Budismo, Geshe Kelsang Gyatso
A Ditadura Envergonhada, Elio Gaspari (Meta do ano)
Ligeiramente Fora de Foco, Robert Capa 
História da sua vida e outros contos, Ted Chiang
Bloodchild, Octavia E. Butler (conto) 

Novembro
O Planeta dos Macacos, Pierre Boulle
O Escolhido Foi Você, Miranda July 
Pangeia, Gabrielle Albiero e Luiza Aguiar
Mago e Vidro - A Torre Negra vol. IV, Stephen King (Meta do ano)
Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo 
O Horla, A Cabeleira, A Mão, O Colar, Guy de Maupassant
Turma da Mônica: Laços, Lu Cafaggi e Vitor Cafaggi 

Dezembro
História da Menina Perdida, Elena Ferrante 
Frango com Ameixas, Marjane Satrapi
Baseado em Fatos Reais, Delphine de Vigan (Desafio Livrada!)
Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe (Desafio Livrada!)
As Nuvens, Aristófane (Desafio Livrada!)
Saramago - Biografia, João Marques Lopes (Desafio Livrada!)
Vidas Muito Boas, J.K. Rowling 
Matilda, Roald Dahl 
Caro Michele, Natalia Ginzburg 
Bufólicas, Hilda Hilst (Desafio Livrada!)
Os Homens que Não Amavam as Mulheres, Stieg Larsson
Norwegian Wood, Haruki Murakami (Desafio Livrada!)
Outros Jeitos de Usar a Boca, Rupi Kaur


Livro mais longo: Os Miseráveis (1512 páginas)
Livro mais curto: Bloodchild (31 páginas)

Países
Brasil: 15 livros
Estados Unidos: 10 livros
Reino Unido: 7 livros
França: 5 livros
Itália: 4 livros
China, Bielorrússia e Canadá: 2 livros
Dinamarca, Hungria, Alemanha, Portugal, Suécia, Japão, Irã e Grécia: 1 livro 


Werther e Norwegian Wood: dois livros sobre suicídio



Os livros Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, e Norwegian Wood, de Haruki Murakami, fazem parte do Projeto Lendo o Mundo.

As duas últimas leituras que fiz para o Projeto Lendo o Mundo acabaram tendo temáticas parecidas. Para a Alemanha, escolhi Os sofrimentos do jovem Werther, livro sobre o qual ouvi falar no colegial. A única informação que mantive em mente era que as pessoas se matavam depois de ler o livro. Bem leve, hein?

Romance epistolar, o livro foi publicado em 1774, sendo um espelho da vida e dos costumes burgueses europeus. Werther, longe de sua família, comunica-se com Whilhelm através de cartas. Nela, ele conta como está apaixonado por Charlotte e muito triste por ela estar noiva de Albert. 

Durante vários momentos me peguei lendo e sentindo um aperto no peito por conta do sofrimento do personagem. Ao mesmo tempo, queria sacudir a Charlotte e fazê-la parar de iludir Werther. 

Para o Japão, o livro lido foi Norwegian Wood, do escritor Haruki Murakami. Publicado em 1987, vendeu 4 milhões de cópias só no Japão e alçou Murakami à condição de ícone cultural. No romance, conhecemos a história do estudante Toru Watanabe, na Tóquio do fim dos anos 60 e começo dos anos 70. O personagem - que também é o narrador do livro - mora em um alojamento estudantil só para homens e tem sua vida marcada pela morte de pessoas próximas. Seu melhor amigo, Kizuki, comete suicídio aos 17 anos e, mais para frente, ele reencontrará Naoko, a namorada de Kizuki. Marcada pela perda do namorado, Naoko sofre de transtornos psicológicos, fato que aproximará mais os dois.

Os dois livros tratam do suicídio. No primeiro, Werther sofre por amor, não aguenta viver vendo a mulher amada com outro homem. No segundo, várias personagens passam por esse questionamento frente à vida. A maioria delas está na fase de transição para a vida adulta, com seus 20 anos, assim como o jovem Werther, de Goethe. Na época em que Norwegian Wood se passa, a atmosfera política no mundo também era tensa e isso refletia na forma como os jovens viviam e enfrentavam o futuro.

Sobre os autores
Johan Wolfgang von Goethe foi autor e estadista alemão. É uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu. Com Friedrich Schiller, foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang.
Com Os sofrimentos do jovem Werther, tornou-se famoso em toda a Europa. Sua obra-prima é o drama Fausto, publicado em fragmento em 1790, depois em primeira parte definitiva em 1808 e numa segunda parte em 1832, ano de sua morte.

Haruki Murakami nasceu em Kyoto, em 1949. Escreveu o seu primeiro romance - Ouça a canção do vento - em 1979, mas seria em 1987, com Norwegian Wood, que o seu nome se tornaria famoso no Japão. Influenciado pela cultura ocidental, Murakami traduziu para o japonês obras de F. Scott Fitzgerald, Truman Capote, John Irving e Raymond Carver.

Outros autores alemães
Thomas Mann: A Montanha Mágica
Herman Hesse: Demian, Sidarta
Ingo Schulze: Vidas Novas
Wladimir Kaminer: Balada Russa
Andrea Maria Schenkel: Tannöd
Thomas Brussig: O Charuto Apagado De Churchill
Siegfried Lenz: Minuto de Silêncio
Juli Zeh: Juncos
Petra Hammesfahr: Um plano quase perfeito
Daniel Kehlmann: A medida do mundo
Robert Löhr: A manobra do rei dos elfos

Outros autores japoneses
Yukio Mishima: Confissões de uma Máscara; Mar Inquieto
Hiromi Kawakami: A Valise do Professor, Quinquilharias Nakano
Yoko Ogawa: Hotel Íris 
Yasunari Kawabata: O País das Neves  
Banana Yoshimoto: Kitchen; Tsugumi; Lua-de-mel
Hitomi Kanehara: Cobras e Piercings 
Genichiro Takahashi: Sayonara, Gangsters
Ryu Murakami: Miso Soup
Koushun Takami: Battle Royale