Lendo o Mundo: A Nigéria de Chimamanda

09:36 Carolina Carettin 0 Comments

Os livros Americanah e Sejamos Todos Feministas fazem parte do Projeto Lendo o Mundo.

A escritora Chimamanda Ngozi Adichie nasceu em Enugu, na Nigéria, em 1977. Entre seus romances estão Meio Sol Amarelo e Hibisco Roxo. A autora estourou com o livro Americanah, publicado no Brasil em 2014 pela Companhia das Letras (520 páginas).

Foi vencedor do National Book Critics Circle Award e um dos 10 melhores livros do ano pela NYT Book Review.
O livro conta a história de Ifemelu, uma nigeriana que viaja até os Estados Unidos para estudar, em busca de alternativas para as universidades sucateadas de seu país, pelo governo militar. No início da história, ficamos sabendo que Ifemelu é uma blogueira muito conhecida nos EUA e que, agora, tem planos de voltar para a Nigéria. 

"Você fala inglês tão bem. Tem muita AIDS no seu país? É tão triste que as pessoas vivam com menos de um dólar por dia na África. E eles próprios caçoavam da África, trocando histórias de absurdos, de tolice, e sentiam-se seguros para caçoar, porque era algo que nascia de uma saudade, de um desejo desesperado de ver aquele lugar de novo."

Chimamanda mescla a vida atual de Ifemelu com momentos vividos em Lagos, na década de 1990. Ao se mudar para os EUA, a jovem deixa seu namorado, Obinze, para trás. No começo, o romance dá certo e se desenvolve até que um acontecimento faz com que ela corte as relações com ele. 
Ao mesmo tempo em que discute questões políticas, a autora pontua muito bem os problemas raciais e sociais dos Estados Unidos. Por questões sociais entende-se a vida de uma imigrante, mulher e negra.

"As minorias raciais americanas - negros, hispânicos, asiáticos e judeus - todas sofrem merda na mão dos brancos, merdas diferentes, mas merda mesmo assim. Cada uma secretamente acredita que sua merda é a pior."

A escritora fala sobre assédio, traições (sua tia Uju tem um relacionamento com um general do alto escalão do governo militar), o papel da mulher e como ela é vista na sociedade africana e americana.
Assim, podemos falar de outra obra da autora, o discurso Sejamos Todos Feministas apresentado no TEDx e publicado como livro e ebook também pela Companhia. A palestra tem mais de um milhão de visualizações.
Em seu discurso, a autora discorre sobre como as mulheres nigerianas são invisíveis. Ela conta de um garçom que não olha em seus olhos e que mulheres não devem chegar a festas, por exemplo, desacompanhadas. É um livro muito breve, mas que nos faz refletir sobre como podemos reverter essa situação e como o movimento feminista deve se impor e ter cada vez mais força.
No Literatortura, falei sobre três ebooks curtos - mas poderosos - para conhecer o feminismo.

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