Quem são as brasileiras homenageadas pelo U2?

13:38 Carolina Carettin 0 Comments



Os irlandeses do U2 deixaram o Brasil ontem, 26, após quatro shows em São Paulo com a turnê comemorativa dos 30 anos do álbum The Joshua Tree.
Durante a música "Ultraviolet (Light My Way)", diversas mulheres apareceram no telão e, antes da canção começar, Bono dedicou-a a todas as mulheres que "resistem, insistem e persistem". No mês de setembro, a organização ONE - criada pelo vocalista - postou em sua página do Facebook:

"Nomeie uma mulher inspiradora a ser destaque em um show do U2! É um dos momentos mais falados da 'The Joshua Tree Tour 2017' do U2 - a visualização deslumbrante no telão de 'Herstory' à medida que a banda toca 'Ultraviolet (Light My Way)'.
Da ativista dos direitos das mulheres, Sojourner Truth, para Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da Libéria, Malala Yousafzai e Wangari Maathai, as dezenas de imagens impressionantes que aparecem e desaparecem na tela destacam a história de mulheres 'luminosas' que 'abrem caminho' para um mundo melhor.
A ONE convida você a nomear uma ativista inspiradora ligada ao Brasil e ela pode acabar sendo mostrada nos shows em São Paulo."

Aqui estão as brasileiras representadas:

Taís Araújo
Atriz e apresentadora, Taís teve seu primeiro papel de destaque na televisão em 1996 como protagonista da novela Xica da Silva, de Walcyr Carrasco, na Rede Manchete. 
Atualmente, interpreta Michele no seriado Mister Brau, muito elogiado por tratar de questões como o racismo; também participa do programa Saia Justa, do GNT.
Esse ano, Taís foi eleita uma das 100 personalidades afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos pelo MIPAD (Most Influential People of Africa Descent), e por esta razão participou de um debate na Universidade de Columbia, em Nova York. No dia 3 de julho de 2017, foi nomeada Defensora dos Direitos das Mulheres Negras pela ONU Mulheres Brasil, entidade das Nações Unidas para a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.

Irmã Dulce
Nascida como Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, Irmã Dulce teve, como freira, a missão como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas, o seu pensamento estava voltado mesmo para o trabalho com os pobres. 
Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. 
O incentivo para construir a sua obra, Irmã Dulce teve do povo baiano, de brasileiros de diversos estados e de personalidades internacionais. Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouvia do Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Maria da Penha
Maria da Penha Maia Fernandes é figura emblemática da violência doméstica. Em 1983, seu marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez atirou simulando um assalto e na segunda tentou eletrocutá-la. Penha acabou paraplégica. Dezenove anos depois, seu agressor foi condenado a oito anos de prisão. Por meio de recursos jurídicos, ficou preso por dois anos. Solto em 2004, hoje está livre. O episódio chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e foi considerado, pela primeira vez na história, um crime de violência doméstica. Penha é coordenadora de estudos da Associação de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV), no Ceará e foi a grande inspiração para que a lei 11.340/06, popularmente conhecida com o seu nome, fosse sancionada. 

Conceição Evaristo
Conceição Evaristo é escritora e traz sempre temas como discriminação racial, de gênero e de classe em suas obras. Nasceu numa favela da zona sul de Belo Horizonte e teve que conciliar os estudos trabalhando como empregada doméstica, até concluir o curso normal, em 1971, já aos 25 anos. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, onde passou num concurso público para o magistério e estudou Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na década de 1980, entrou em contato com o grupo Quilombo hoje. Estreou na literatura em 1990, com obras publicadas na série Cadernos Negros, publicada pela organização.
É mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Seu romance Ponciá Vicêncio, de 2003, foi traduzido para o inglês e publicado nos Estados Unidos em 2007. 
Em 2017, Conceição Evaristo foi tema da Ocupação do Itaú Cultural de São Paulo.

Tarsila do Amaral
Pintora e desenhista, Tarsila acompanhou todo o movimento modernista brasileiro, integrando-se a ele mais tarde, juntando-se ao Grupos dos Cinco: Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em uma de suas viagens para Minas Gerais encontrou-se com as cores de sua infância e apaixonou-se pelas decorações populares das casas da região. Nesse período juntou-se ao Movimento Pau-Brasil que durou cerca de três anos de 1924 a 1927 e contou com os artistas Oswald de Andrade, com que namorava nessa época, Mario de Andrade, Blaise Cendrars, Goffredo Silva Telles e Olívia Guedes Penteado. Suas pinturas encheram-se de brasilidade, levando para suas telas as cores da natureza, a cultura popular, o homem rude e as paisagens rurais. São pinturas dessa época: Morro da Favela (1924), O vendedor de frutas (1925) e Paisagem com touro (1925). Em 1926, casou-se com Oswald de Andrade. Dois anos depois, presenteou seu marido com a famosa pintura Abaporu. Em 1933, Tarsila pintou a tela Operários e deu início a uma nova fase – Fase Social - que dura aproximadamente quatro anos, sendo a pioneira nessa temática no Brasil. 

Ivone Guimarães
Natural de Pitangui, Minas Gerais, e inspirada por Mietta Santiago (primeira mineira a obter o direito ao voto através de um mandato de segurança), Ivone Guimarães fez história ao tentar obter, através de uma decisão judicial, o direito ao voto e a 27 de Outubro de 1928 o juiz da comarca Sizenando Rodrigues Barros, se baseando no mesmo artigo 70 da Constituição Federal no qual Mietta Santiago havia fundamentado a sua intenção de se tornar eleitora, concede o parecer favorável à sentença. No dia seguinte, a edição de nº 1 do jornal Município de Pitangui publica uma página inteira sobre a decisão, exaltando a “jovem e inteligente professora”. Não foi possível saber quantos foram os processos, em Minas Gerais, concedendo às mulheres o direito ao voto naquele ano, certo é que Ivone Guimarães foi uma das primeiras mineiras a obter esta importante conquista.
Em 1946, foi nomeada professora de Sociologia Educacional no Instituto de Educação de Minas Gerais. Também designada membro efetivo da Junta Examinadora dos candidatos ao Ministério Oficial de 2º Grau. Em 1947 forma-se bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Bertha Lutz

A bióloga Bertha Lutz foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 20 e 30. Filha do sanitarista Adolfo Lutz, um reconhecido estudioso da medicina tropical, Bertha nasceu em 1894 e foi educada na Europa. Voltou ao Brasil em 1918, formada em ciências naturais pela Sorbonne francesa para então trabalhar no Museu Nacional. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro. 
Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (1922). Representou o Brasil na assembleia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Após a Revolução de 1930, o movimento sufragista conseguiu a grande vitória, por meio do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, do presidente Getúlio Vargas, que garantiu o direito de voto feminino no País. As mulheres brasileiras conseguiram o direito de voto antes das francesas. Dois anos depois, Bertha participou do comitê elaborador da Constituição (1934) e garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos.

Chiquinha Gonzaga
A compositora e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga (1847-1935) destaca-se na história da cultura brasileira e da luta pelas liberdades no país pelo seu pioneirismo. A coragem com que enfrentou a opressora sociedade patriarcal e criou uma profissão inédita para a mulher causou escândalo em seu tempo. Atuando no rico ambiente musical do Rio de Janeiro do Segundo Reinado, no qual imperavam polcas, tangos e valsas, Chiquinha Gonzaga não hesitou em incorporar ao seu piano toda a diversidade que encontrou, sem preconceitos. Assim, terminou por produzir uma obra fundamental para a formação da música brasileira.


Com informações dos sites Sombras e Árvores Altas, Vida de Irmã Dulce, Daqui de Pitangui, Governo Federal e ChiquinhaGonzaga.com.

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